Lista de tópicos

  • Deambulações espacio-literáriasna cidade de Lisboa

    Sentimento de Um Ocidental  de Cesário Verde (o poema)

    Análise do Poema de Cesário Verde do ponto de vista Geográfico e literário.

    O percurso pode ser feito no Google Earth e em cada paragem, pode-se analisar o conteúdos das estrofes.

  • Avé-Maria

     

    Deambulações espácio-temporais na cidade do Século XIX –  A Geografia do percurso

     

    Deambular em Português, com Cesário Verde

    O Sentimento dum Ocidental

                   I

               Avé - Maria

    18.00 horas

    O subtítulo foi acrescentado pelo editor, Silva Pinto, no séc. XIX (cf. Paula Morão).

    Nas nossas ruas, ao anoitecer,

    Há tal soturnidade, há tal melancolia,

    Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia

    Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

     

    Cesário desloca-se em direção ao rio, vem por ruas estreitas e tortuosas, onde já se sente a humidade, proveniente da evaporação da massa de água do rio – a maresia que forma uma neblina, devido ao efeito de estufa provocado, pela mistura do fumo das chaminés com a humidade,

     

    A evocação é feita com base em sensações: a visão - «as sombras» e «o Tejo»,; a audição: «o bulício» da cidade; o olfato: «a maresia»;

    A observação provoca o mal-

    -estar no sujeito: «Despertam-

    -me um desejo de sofrer.»

     

    O céu parece baixo e de neblina,

    O gás extravasado enjoa-me, perturba;

    E os edifícios, com as chaminés, e a turba

    Toldam-se duma cor monótona e londrina.

     

    «smoke+fog» («smog», característica da cidade industrial do século XIX, e cuja referência máxima é Londres)

    O ambiente perturba o sujeito poético – aspeto subjetivo. Ao observar o espaço, o poeta sente-se mal.


    • 3ª estrofe- As ligações ao "mundo"

      "Batem carros de aluguer, ao fundo,

      Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!

      Ocorrem-me em revista, exposições, países:

      Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!"

      Passa, pela Estação de Santa Apolónia (1865), cujo caminho-de-ferro faz ligação às mais importantes cidades da Europa. O mundo!(o “centro” do mundo ainda é a Europa). As exposições internacionais, exemplo da exaltação da técnica e do desenvolvimento científico e tecnológico.

      Observa-se a oposição entre os que partem para a Europa: «Felizes!» e os que ficam em Portugal, pobres, a sofrer. A enumeração dos nomes das cidades é inovadora em poesia: prenuncia o modernismo.


      • 4ª e 5ª Estrofe - A planta irregular, a função residencial, as profissões

        Semelham-se a gaiolas, com viveiros,

        As edificações somente emadeiradas:

        Como morcegos, ao cair das badaladas,

        Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros

        Referência às diferentes profissões operárias, classe baixa, que habita perto do local de trabalho na área do porto e na construção de navios e à planta irregular e não planeada das ruas.

         

        O coletivo é marcado pelas profissões que marcam o novo épico oitocentista: os explorados, num tom crítico.

        Voltam os calafates, aos magotes,

        De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;

        Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos,

        Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

         

        A planta é mesmo labiríntica, herdada da cidade muçulmana. O Poeta está a deambular por Alfama, junto ao porto (cais).

        A deambulação do sujeito poético é marcada por verbos como «embrenho-me» ou «erro» perto do rio: de novo se evoca o épico, através das profissões.


        • 6ª e 7ª - Os descobrimentos e a Geopolítica

          6

              E evoco, então, as crónicas navais:

          Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!

          Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!

          Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

           

          Evocação histórica dos povos que passaram na cidade, os Mouros, antes da conquista de Lisboa, esta era a cidade Moura – Alfama, até à época gloriosa da Expansão…até ao naufrágio de Camões.

           

          Veem-se as marcas do «épico de outrora»: Camões e um passado glorioso, perdidos no presente que é época de sofrimento para o poeta e os explorados. 

          7

          E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!

          De um couraçado inglês vogam os escaleres;

          E em terra num tinir de louças e talheres

          Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda.

           

          Referência à subjugação de Portugal aos ingleses, que saem dos barcos de guerra “couraçados” e se banqueteiam em terra.

          Novo contraste entre os ricos «dos hotéis da moda» e do «couraçado inglês» face aos barcos pequenos portugueses.


          • 8ª a 11ª - As funções urbanas e a crítica social

             

             

            Deambulações espácio-temporais na cidade do Século XIX –  A Geografia do percurso

             

            Deambular em Português, com Cesário Verde

            8

            Num trem de praça arengam dois dentistas;

            Um trôpego arlequim braceja numas andas;

            Os querubins do lar flutuam nas varandas;

            Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

            As principais funções centrais da cidade estão presentes, os transportes (trem), os serviços (dentista), o entretenimento (arlequim), a habitação (querubins do lar) lojistas (comércio).

             

             

            9

            Vazam-se os arsenais e as oficinas;

            Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;

            E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,

            Correndo com firmeza, assomam as varinas.

            Segue-se a função industrial, arsenais (oficinas de construção e reparação de barcos) e até as funções dispersas – as varinas que vendem o peixe porta-a-         -porta, as operárias trabalhadoras – obreiras,

            O coletivo das varinas é descrito como «cardume».

            10

            Vêm sacudindo as ancas opulentas!

            Seus troncos varonis recordam-me pilastras;

            E algumas, à cabeça, embalam nas canastras

            Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

            e as atividades ligadas à pesca e ao transporte de mercadorias em modo aquático (os filhos…). Vai deambulando entre o Cais o caminho até ao Aljube

            As varinas têm filhos destinados a serem explorados: «naufragam nas tormentas» - novo épico subvertido.

            11

            Descalças! Nas descargas de carvão,

            Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;

            E apinham-se num bairro aonde miam gatas,

            E o peixe podre gera os focos de infeção!

             

            Referência à principal matéria-prima, fonte de energia  -  O carvão – alimenta a máquina a vapor , a força motriz da indústria,  é utilizado nas habitações (aquecimento e preparação de refeições). Vem nas fragatas, pois Portugal não tem minas de carvão, tem de importar. A falta de salubridade da cidade – problemas de saúde e ambientais

             

            Nova crítica social, com tom naturalista: «o peixe podre gera focos de infeção» - além disso, os pobres vivem em condições desumanas: «apinham-se num bairro».


            • A Justiça e a Religião

               

               

              II

               

                        Noite Fechada

               

               

              Subtítulo atribuído, pelo editor.

              12

              Toca-se às grades, nas cadeias. Som

              Que mortifica e deixa umas loucuras mansas!

              O Aljube, em que hoje estão velhinhas e crianças,

              Bem raramente encerra uma mulher de <<dom>>!

               

              A deambulação leva-o ao Aljube, prisão de mulheres no século XIX, mais tarde calabouço da PIDE, onde eram detidos os presos políticos, está finalmente a reabrir como museu da Resistência.

               

              13

              E eu desconfio, até, de um aneurisma

              Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes;

              À vista das prisões, da velha Sé, das Cruzes,

              Chora-me o coração que se enche e que se abisma.

               

              A espaços, iluminam-se os andares,

              E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos

              Alastram em lençol os seus reflexos brancos;

              E a Lua lembra o circo e os jogos malabares.

               

               Avista a Sé quando se acendem as luzes, referência à iluminação pública a Gás e também nas habitações e comércio, da área da Baixa. (Passando, antes, muito provavelmente, pela Rua da Padaria, onde nasceu).

              Novamente o lado subjetivo do poema: observa-se o sofrimento do poeta, marcado por « mórbido» e  «o aneurisma».

               

              Jogos impressionistas de luzes e cores.

               


              • 15 e 16ª est O Hiato da "Baixa", e a subida ao Chiado

                 

                 

                Deambulações espácio-temporais na cidade do Século XIX –  A Geografia do percurso

                 

                Deambular em Português, com Cesário Verde

                15







                16

                Duas igrejas, num saudoso largo,

                Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero:

                Nelas esfumo um ermo inquisidor severo,

                Assim que pela História eu me aventuro e alargo.

                 

                Na parte que abateu no terremoto,

                Muram-me as construções retas, iguais, crescidas;

                Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas,

                E os sinos dum tanger monástico e devoto.

                 

                 

                Há uma espécie de hiato espacial entre o Aljube e a toda a subida para o Largo do Chiado, onde frente a frente estão as Igrejas do Loreto e a Igreja da Encarnação. Do Largo pode observar os edifícios da Baixa Pombalina, reconstruida após o Terramoto de 1755, todos da mesma altura e iguais – referência à simetria da arquitetura do Barroco (Séc. XVIII) e à planta ortogonal da morfologia urbana da Baixa Pombalina. O hiato pode dever-se, à aversão que o autor parece ter em relação aos declives acentuados da cidade, pois para chegar ao Chiado tem de subir… sempre por ruas íngremes (por isso vamos subir de elevador!).

                 

                O poeta evoca, traumatizado, o passado da Inquisição, com condenações e mortes.

                Crítica ao excesso de religiosidade da cidade de Lisboa: o tocar dos sinos «monástico» e «devoto».

                 

                A cidade oprime o sujeito: «Muram-me as construções retas, crescidas»


                • 17ª,18ª e 19ª Camões e a Rua Nova da Trindade

                  17

                  Mas, num recinto público e vulgar,

                  Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras,

                  Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,

                  Um épico doutrora ascende, num pilar!

                   

                  O Largo Camões, visto como uma praça pública de menor importância – passagem para o Bairro Alto. Mas onde se ergue a Estátua do Poeta Maior – Luís de Camões.

                  Volta-se a evocar Camões: observa-se o contraste entre a grandiosidade do épico e as «exíguas pimenteiras» da atualidade oitocentista, revisão do épico.

                  18





                  19

                  E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,

                  Nesta acumulação de corpos enfezados;

                  Sombrios e espectrais recolhem os soldados;

                  Inflama-se um palácio em face de um casebre.

                   

                      Partem patrulhas de cavalaria

                  Dos arcos dos quartéis que foram já conventos:

                  Idade Média! A pé, outras, a passos lentos,

                  Derramam-se por toda a capital, que esfria.

                   

                  Passagem provável pela rua Nova da Trindade onde se misturam as casas degradadas e da classe baixa com os palácios da classe alta em direção ao Largo do Carmo, onde coexistem as Ruínas da Igreja do Convento do Carmo, destruída no Terramoto, o edifício do Convento, quartel já no Séc. XIX, e que mantém as funções de quartel da GNR. Foi daqui que saiu sob custódia, Marcello Caetano, no dia 25 de Abril de 1974. (Revolução dos cravos).

                   

                  O sofrimento do poeta (marca de subjetividade) ressalta novamente com a referência às doenças: «Cólera» e «Febre».

                  A evocação da História prossegue, marcando o tom glorioso e épico do poema.


                  • Deambular antes e depois de jantar - no Chiado

                    20

                    Triste cidade! Eu temo que me avives

                    Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes,

                    Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,

                    Curvadas a sorrir às montras dos ourives.

                     

                        E mais: as costureiras, as floristas

                    Descem dos magasins, causam-me sobressaltos;

                    Custa-lhes a elevar os seus pescoços altos

                    E muitas delas são comparsas ou coristas.

                     

                        E eu, de luneta de uma lente só,

                    Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:

                    Entro na brasserie; às mesas de emigrados,

                    Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.

                    As estrofes seguintes, descrevem a vida do Chiado, centro da Cidade do século XIX, onde predominam as funções raras ou ocasionais, como o ourives, os magasins, a brasserie (designação francesas para os grandes armazéns de vestuário ,os centros comerciais do século XIX, e os restaurantes ao estilo francês –existe na rua do Alecrim, hoje, um restaurante chamado Brasserie de l’Entrecôte).Estes “emigrados” podem ser os burgueses que emigraram para o Brasil e entretanto voltaram, alguns fizeram fortuna.

                    Descreve tanto as funções urbanas de nível superior como as funções vulgares e até dispersas.

                    Descreve ainda as pessoas que trabalham nas diversas profissões de classe baixa e média, como as pessoas de classe alta (burgueses – “as tuas elegantes curvadas a sorrir às montras dos ourives)

                     

                    Insiste-se no sofrimento do poeta causado por injustiças sociais: «Enlutam-me as elegantes». Evocam-se novas profissões, forma de reatualizar o espírito épico do poema.

                    «A luneta de uma lente só» permite-nos ver a subjetividade do poeta, que quer «pintar» «quadros revoltados», ou críticas da sociedade em que vive.

                     

                     

                     

                     

                     

                     

                     

                    Deambulações espácio-temporais na cidade do Século XIX –  A Geografia do percurso

                    Deambular em Português, com Cesário Verde

                     

                                   III

                     

                                 Ao gás

                     

                    O Gás era ainda a fonte de iluminação na maior parte da cidade.

                     


                    E saio. A noite pesa, esmaga. Nos

                    Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.

                    Ó moles hospitais! Sai das embocaduras

                    Um sopro que arripia os ombros quase nus.

                     

                        Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso

                    Ver círios laterais, ver filas de capelas,

                    Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,

                    Em uma catedral de um comprimento imenso.

                     

                        As burguesinhas do Catolicismo

                    Resvalam pelo chão minado pelos canos;

                    E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,

                    As freiras que os jejuns matavam de histerismo.

                     

                        Num cutileiro, de avental, ao torno,

                    Um forjador maneja um malho, rubramente;

                    E de uma padaria exala-se, inda quente,

                    Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.

                    Depois de jantar, à luz da iluminação a Gás, Cesário continua as suas deambulações pelo Chiado, olhando as montras das lojas de moda, ao lado da função vulgar de padaria ou cutileiro – fabrico e venda de facas, tesouras (ocasional) – estas oficinas fazem aqui todo o sentido, pois esta é uma área onde se vendem tecidos a metro e oficinas de costureiras além dos restaurantes que utilizam estes objetos cortantes.

                    A padaria, uma das únicas indústrias que ainda hoje permanece dentro da cidade, proximidade do consumidor.

                     

                    Referência às prostitutas, designadas como «as impuras» , ideia  reforçada pela apóstrofe: «ó moles hospitais».


                    • Tópico 10

                      27

                      E eu que medito um livro que exacerbe,

                      Quisera que o real e a análise mo dessem;

                      Casas de confeções e modas resplandecem;

                      Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.

                       

                          Longas descidas! Não poder pintar

                      Com versos magistrais, salubres e sinceros,

                      A esguia difusão dos vossos reverberos,

                      E a vossa palidez romântica e lunar!

                       

                      A famosa livraria do Chiado - a Bertrand (1732 – a mais antiga do mundo - função rara no Século XIX) e as casas de confeções e modas com as suas “vitrines” – montras – continua a mostrar o comércio de Luxo, mas onde espreita um dos outros problemas da cidade – o ratoneiro – o ladrão, a criminalidade. (as funções raras, no Centro da Cidade – O Chiado)

                       

                      Lamento por não poder pintar como Camões, seu modelo, «com versos magistrais». O poeta revisita o épico. De novo se constata a importância da luz, técnica impressionista na poesia de Cesário.

                       

                      Que grande cobra, a lúbrica pessoa,

                      Que espartilhada escolhe uns xales com debuxo!

                      Sua excelência atrai, magnética, entre luxo,

                      Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.

                      A burguesa, que pode comprar nas lojas de luxo, olhada com desdém pelo autor.

                      Crítica à burguesa (Cf. «Deslumbramentos»), social e de antecipação de vontade do fim da monarquia.

                       

                          E aquela velha, de bandós! Por vezes,

                      A sua traîne imita um leque antigo, aberto,

                      Nas barras verticais, a duas tintas. Perto,

                      Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses

                      Os transportes, individual e coletivo, são referidos várias vezes e aqui com referência a cavalos importados da Alemanha. Não esquecer que estamos na área de residência da classe alta. (Chiado e mais para Oeste a Lapa).

                       

                      Repete-se o destaque e a importância da luz e da cor: «a duas tintas»

                       

                      Desdobram-se tecidos estrangeiros;

                      Plantas ornamentais secam nos mostradores;

                      Flocos de pós-de-arroz pairam sufocadores,

                      E em nuvens de cetins requebram-se os caixeiros.

                       

                      As perfumarias, os tecidos caros e os caixeiros – empregados de balcão – no comércio (classe média baixa), e também o cauteleiro, figura dominante da venda da “sorte” (função dispersa)

                      O adjetivo «sufocadores» denota o sofrimento do poeta perante o luxo de alguns.


                      • Numa esquina, o pedinte (sem-abrigo)

                         

                        Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes

                        Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;

                        Da solidão regouga um cauteleiro rouco;

                        Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.

                         

                         <<Dó da miséria!... Compaixão de mim!...>>

                        E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,

                        Pede-me esmola um homenzinho idoso,

                        Meu velho professor nas aulas de Latim!

                         

                        e o pedinte idoso – sem direito a reforma: o professor!

                         

                        «Tudo cansa» - o cansaço do poeta perante a sociedade múltipla.

                        O uso do tom coloquial (oralizante) contrasta com o professor de Latim que pode ser comparado à figura do Velho do Restelo de Os Lusíadas, que se insurge contra a sua época.